Começamos esta história pelo maior feito desta lenda do automobilismo gaúcho chamado Arlindo Marx, e também o seu filho, Luciano. Este propulsor acima empurrou o último carro de Turismo a vencer as 12 Horas de Tarumã na Geral, em 1997, quebrando a hegemonia dos protótipos, na época os Aldees, que ganhavam a prova desde 1994, e também na frente dos estreantes Spyders.
Farei um rápido apanhado da carreiras destas duas lendas, deixando para que o
Sanco faça o que faz como ninguém: um post mais completo com o farto material existente.
O carro, um Escort com motor CHT, virava 1:15 em Tarumã, o que é impressionante para este propulsor, que tem algumas modificações engenhosas a cargo do seu Arlindo e com algumas peças do renomado Greco, e também devido ao excelente acerto de chão do carro.
O recorte acima, do Jornal Zero Hora (percebam que boa a cobertura da época, hoje em dia, infelizmente, divulgam um tijolinho escondido numa página qualquer, matéria em destaque só quando morre alguém na pista) mostra como a notícia teve destaque na imprensa, pelo feito da vitória de um carro de Turismo em si, e por outro fato interessante: foi duplamente uma vitória de pai e filho, pois além de Arlindo na preparação do Escort e o filho Luciano pilotando, andaram também no carro o Delegado Luiz Carlos Ribas e seu filho Rodrigo, tendo sido a primeira vitória conjunta da dupla, e Rodrigo, com 20 anos, tornou-se o mais jovem vencedor de 12 Horas, na época. O "bota" Victor Hugo Castro completou o brilhante
cast da pilotagem vitoriosa.
O interessante é que a participação do carro na prova foi decidida de última hora, quatro dias antes da corrida, devido ao custo, sendo que com o apoio do Delegado Ribas e de Castro, a participação foi viabilizada.
Outro fato pitoresco, e, ainda bem, com final feliz: a emoção da conquista foi tanta que depois de encerrada a festa da vitória o seu Arlindo Marx simplesmente enfartou, tendo sido internado às pressas e passado por cirurgia. Felizmente ele está aí até hoje, firme e forte, para contar estas histórias.
Voltando no tempo, encontramos Arlindo fazendo dupla com Paulo de Tarso, no Dodginho #88, nas 6 horas de Tarumã, em 1976, seguido por outra lenda, Breno Fornari e seu filho Antônio Miguel (Nêne), com o Maverick #35, número que usava desde as carreteras.
Na foto acima, de 1973, vemos o Corcel #88, preparado por Marx, fazendo as curvas de uma maneira peculiar, com as rodas bastante viradas. Atrás, no Fusca #44, outra lenda, chamada Arnaldo Fossá, a bordo de um Fusca, carro com que sempre correu e tornou-se referência.
A imagem acima é também das 6 Horas de Tarumã, o Dodge seguido pelo Passat dos Rebechi.
Acima mais uma participação histórica, com o Corcel preparado e pilotado por Arlindo Marx, na qual já usava o número #32 (hoje do Escort), nada menos que na inauguração do Autódromo Internacional de Guaporé, que deve ser reformado nos próximos meses.
Onde tudo começou: uma bonita foto de Arlindo Marx com seu filho Luciano dando um abraço, após uma corrida do pai. Com o passar dos anos, Luciano Marx viria a pilotar o carro preparado pelo pai.
Rivera também fez parte da carreira de Arlindo, no qual corria com o Corcel II acima, com o clássico #32.
Em 1987 foi comprado o Escort, que no início participava do regional de Marcas gaúcho, já pilotado por Luciano. Posteriormente, o carro foi transformado num Divisão 3, vindo a participar de provas de Endurance e 12 Horas. Luciano Marx foi bi-campeão do Gaúcho de Endurance (1996/1997). Acima vemos o Escort seguido do Voyage de outra fera, Paulo Sabiá (que foi campeão da Endurance em 2000, hoje preparador do Passatão #8 da Fórmula Classic).
Poucas horas antes da glória, a troca de pilotos nas 12 Horas de Tarumã 1997, vencida com 489 voltas, na frente do Uno Turbo de Paulo Scolari, Normo Chies e José Massa (tio de Felipe Massa), com 474 voltas.
É uma honra poder ter contato com lendas do automobilismo, como a dupla pai e filho, Arlindo e Luciano, que detém um feito que dificilmente será superado, dada a abissal diferença dos protótipos e carros de turismo hoje em dia, que têm um desempenho absurdo (mais de 15s mais rápido por volta) e também pelo maior nível de confiabilidade atual dos protótipos.
Na foto acima (esq. p/ dir.): Niltão Amaral, Romaldo Souza (vulgo Zóio, baita piloto que andou muito bem de Chevette e Opala Stock, e quem sabe de volta às pistas na Classic, ainda este ano), Rafael Soares (que estreará este ano na Classic com o Fiat 147 que foi de Cristina Rosito, é filho de Paulo Gerson, que correu por muito tempo na época do seu Arlindo), Luciano Marx, Arlindo Marx e Leonardo Tumelero.
O carro participou como convidado na 4a etapa da Fórmula Classic 2009. Esperamos que o modelo complete 30 anos para voltar a brilhar nas pistas!
Fotos: Arquivo Pessoal de Arlindo Marx