Antes tarde do que nunca: resumo da Classic no Velopark

Devido ao cansaço no domingo à noite, correria da semana, milhares de fotos, vídeos e informações para ver, somente hoje estou parando para resumir o fim-de-semana da 2a Etapa da Fórmula Classic RS no Velopark. Para me redimir, escrevo praticamente um tratado sobre a prova.

Passatão saindo cedinho da Mecânica Sabiá, rumo ao Velopark

Chegada ao Velopark, sexta, antes das 8 da manhã: não dava para enxergar a pista, de tanta neblina

Circo da Classic montado. Lindo banner feito pelo Velopark.

Sexta: neblina e calor!
Tudo começou já na sexta-feira, com a realização de dois treinos livres, às 9 e às 13. A forte neblina (conforme fotos acima), porém, atrasou o início dos treinos, que ocorreu lá pelas 11h, após o da F3. Primeiras voltas, tentando entender a pista, onde e quando freiar e começar a acelerar, a melhor trajetória, enfim, como ocorre em qualquer pista nova.

"La Fiera esta de vuelta": Carretera de Ratão (e o próprio) voltam às pistas após incêndio das 12 Horas 2009

Logo na chegada, o reencontro com a Carretera Chevrolet 1936 de Carlos Eugênio Leonardo, o popular "Ratão", restaurada após incêndio nas 12 Horas de Tarumã. Foi muito bom ver piloto e máquina de volta à ativa com tudo. "La fiera esta de vuelta!"

"Corcel II Protótipo", usina, montado pelos Finotti de SP

A cegonha viabilizada por Paulo Trevisan com os carros de SP chegou de manhã, e os pilotos logo após. Pessoal gente fina, e os carros, na sua maioria, usinas. Andam na Classic Cup SP e foram convidados para participarem com a gente desta etapa. Destaque para o Corcel II dos Finotti (chamado de PacMan) , com teto rebaixado, motor AP com cabeçote de Golf, suspensão de Volks, praticamente um protótipo. Veio a comprovar o desempenho na pista, porém sofreu com quebra de homocinética no 1o treino livre e na 1a bateria.

Topolino de Luiz Ernani Finotti, após bater na cerca da saída de box

No início do treino, um pequeno incidente envolvendo o seu Finotti com o Topolino: bateu na saída de box, que é traiçoeira para quem anda pela primeira vez, por ter partes estreitas e fechadas. Deu uma pequena amassada na dianteira da barata, mas nada que comprometesse.

Passatão indo estreiar na pista do Velopark. Antes, só haviam andado Stock e Porsche, e no traçado antigo, ainda.

Tínhamos duas opções de carburação, na sexta testamos o que já vínhamos usando há algum tempo, porém mostrou-se um pequeno "buraco" em baixas rotações. Tïnhamos uma outra opção de um carburador maior, engenharia dos irmãos Sabiá, que enche muito bem o motor, porém tinha um "buraco" na curva do Tala Larga em Tarumã, que comprometia pois é uma curva que se faz "pendurado", e a falta de motor pode causar uma rodada. Com a primeira opção na sexta, viramos 1:17,794, 5o tempo do dia.. Mais rápido foi Leovaldo Petry, com o "monstro" do Maverick V8 que anda uma barbaridade, 1:14,198. Já Ricardo Trein teve o motor da Alfa trancado, fim de prova. Uma pena, pois o carro está lindo, com pára-lamas alargados e rodas e pneus de Stock Car.

Sábado: chuva!
Chegamos sábado de manhã cedo novamente (a Classic sempre tinha um primeiro horário cedo), e o tempo começava a se armar para a chuvarada que estava anunciada. Saímos para o terceiro treino livre do fim-de-semana e conseguimos dar umas voltas antes da chuva. Colocamos a carburação maior e o carro ficou um foguete! Além disso, a suspensão mostrou perfeição no traçado do jovem Velopark, contornando muito bem as curvas fechadas e o "S" de alta.

Antes do fim do treino e início da chuva, porém, Niltão ficou sem freio no final da reta oposta. Foi um sufoco desviar do Opala dos Bertuol, que estava fazendo a curva no fim da reta oposta, foi preciso passar reto por cima da zebra para evitar uma batida.

Opala de Paulo Bertuol/Aristides Bertuol Neto com dianteira destruída após incidente com Maverick

Infelizmente, logo após, o Opala envolveu-se numa rodada e bateu na lateral do Maverick de Leovaldo, destruindo totalmente a dianteira do Chevy, fim de prova para ele. O Maverick teve a lateral amassada e um pneu furado, mas passível de conserto. Bandeira vermelha, treino interrompido, reiniciado já com chuva.

Equipe Sabiá/MK Mekânica modificando freios do Passatão

Para nossa equipe, era hora de mudanças radicias no sistema de freios, pois o traçado do Velopark havia mostrado sua particularidade de exigir um bocado dos autos. Nossas pastilhas de freio (que foram pra lá ainda com espessura razoável) haviam acabado, e provavelmente o conjunto superaquecido. Rumamos para a MK Mekânica, na Joaquim Silveira, em Porto Alegre, para troca de pastilhas, discos e a construção de um sistema de dutos para refrigeração dos freios. Sabiá e MK trabalharam rápido, em conjunto, e conseguimos voltar para o 4o treino no final da tarde

Lada "Meianov" do paulista Flávio Gomes, jornalista da ESPN

De volta ao autódromo, treino sem arriscar o carro, apenas para ambientação com o traçado e assentamento do freio. Poucos carros foram para a pista. Acabamos o dia com o melhor tempo de 1:15,349, 5o tempo, obtido no treino da manhã, com pista seca. No molhado, Jorge Krug fez o melhor tempo do 4o treino, com 1:20,660.

Domingo: Frio!!

O grid de largada

Era chegado o grande dia da prova. A chuva foi embora, voltando o sol a aparecer, porém, baixou uma friaca daquelas que só faz por aqui, nos pampas.

Niltão foi para a tomada, e classificou o Passatão em 7o na geral e 3o na categoria. A pista ainda estava úmida, o que provocou uma série de atravessadas e rodadas. Jorge Krug passou reto no S do final da reta e ficou literalmente atolado na área de escape, sendo puxado ao final. Ainda assim, classificou-se em 2o na geral.

Na primeira bateria o Passatão foi tocado por Leonardo. Tivemos vários abandonos, dentre eles os Passats de Jorge Krug e Alexandre Braga com quebra de motor, Corcel II de Finotti com quebra de homocinética. O Fiat 147 de Marcelo Giordano escapou na entrada da reta oposta e acabou atolado na área de escape. Assisti a corrida na ponte, com visão para o grampo após a curva 1, bastante traiçoeira, pois na saída dela a zebra da direita fecha para cima da pista, fazendo com que muitos rodasse ou passassem por cima da zebra, porém a boa área de escape fez com que não houvesse batidas.

Já na primeira bateria bons pegas do Passatão #8 com o Passat Trovão Azul #44 do paulista Rogério Tranjan. Finalizamos em 7o geral e 1o na categoria, a melhor volta foi 1:14,951. Considerando somente os carros do campeonato, ficamos em 3o geral. Luciano Marx, com o Escort convidado, ganhou e fez a volta mais rápida, com 1:11,122.

Na segunda bateria tivemos pegas homéricos em vários pelotões. Na frente, o 147 de Franz e o Opala de Giuliano Makowski Giacomazzi passaram o tempo inteiro peleando, sendo que na última volta protagonizaram um pega eletrizante, tendo o Opala cruzado alguns metros a frente do Fiat. Já o Passatão #8, pilotado por Niltão, partiu à caça do Trovão azul, fazendo uma tentativa de ultrapassagem já na primeira volta no fim da reta oposta, logo após outra no final da reta dos boxes, e logo após, ao ser ultrapassado pelo Maverick, o #8 puxou para a direita no fim da reta e fez o S por dentro, ganhando a posição. Na sequência, sofri a pressão do Topolino, tocado por Nenê Finotti, tendo segurado a posição por várias voltas, fechando a porta às investida. Após ultrapassar, o Topolino acabou tendo problemas e abandonou. Consegui manter um pouco de distância, e conseguia ver pelo retrovisor a peleia entre o Fusca de Daier e o Passat de Tranjan. Finalizei em 4o geral e 1o na categoria.

Ah, lembra do problema dos freios no treino? Pois após a nossa "engenharia" do sábado, ficaram uma maravilha, comportaram-se bem durante a prova inteira!

Vitória na categoria, que nos colocou na liderança do campeonato na D2C. Na geral, ficamos em 5o, e se considerarmos apenas os carros que participam do campeonato, 3o. Bom resultado. Os outros carros da categoria D2C conseguiu completar 66% da prova, não pontuando, portanto.

Festa do podium, após o fim da Endurance. Ricardo Trein e Flávio Gomes foram homenageados ganharam um baita troféu espetacular do Velopark, assim como Carlinhos de Andrade pela Endurance. Todo o fim-de-semana foi uma festa muito legal, de convivência com o pessoal da Classic Cup SP, e, além disso, foi corrida de gente grande. A Classic mostrou que está entre as categorias mais competitivas e com maior grid do estado, mesmo sendo encarada por muitos, ainda, como "passeio de carros antigos". Está mais do que provado que não, pois os carros ponteiros viraram tempos parecidos com carros da classe IV da Endurance. Modestia à parte, só vejo disputas de posição assim no Marcas gaúcho, que tem 50 carros, e é um show à parte.

D2A: 1) Teodoro Janusz (DKW), 2) Ênio Wermuth (DKW), 3) Tibiriçá de los Santos (Renault 4cv)

D2B: 1) Rogério Franz (147), 2) Fernando Leke (Corcel)

D2C: 1) Niltão Amaral / Leonardo Tumelero (Passat)

D3: 1) Giuliano Makowski Giacomazzi

Especial: 1) Fernando Daier (Fusca AP), 2) Rogério Tranjan (Passat), 3) Flávio Gomes (Lada)

Flávio Gomes e Ricardo Trein homenageados pelo Velopark

Galera do pódium do RS e SP, reunida para foto: (Trein, Giuliano, Niltão, Tranjan, Flávio, Leonaro e Daier)

Niltão, Gaúcho da Fruteira (torcedor símbolo do automobilismo no RS) e Leonardo Tumelero

Agradecemos a presença dos comparsas paulistas e, principalmente, ao Trevisan, por viabilizar a festa. Voltem sempre! Assim como nós deveremos subir qualquer hora dessas. Tenho muita vontade de acelerar em Interlagos, quem sabe não retribuímos a visita em breve?