Automobilismo Gaúcho teve bom desempenho geral em 2013
Como de costume, em todas as áreas, o final de ano é época de fazer uma retrospectiva/análise dos acontecimentos do período que se encerra. E na área do automobilismo gaúcho não poderia ser diferente.
Vamos fazer uma análise de todas as categorias de velocidade em asfalto, e uma projeção do ano de 2014.
1) Gaúcho de Endurance: categoria que mais cresceu, um "oasis" no país
Endurance: grids numerosos, com qualidade
Retrospectiva:
Um excelente ano para o Endurance Gaúcho. Aliás, o melhor ano desde 2009, que é a partir de quando venho acompanhando todas as etapas da categoria. Considerado um oasis no Brasil, o certame gaúcho é organizado pela família Andrade (MC Tubarão), que "segurou o rojão" quando a categoria tinha um grid pífio, persistiram e conseguiram fazer a categoria ser a única da modalidade no Brasil com um campeonato regular. Os protótipos turbo, praticamente ausentes do campeonato 2012, voltaram com força total, agregando ao espetáculo. É considerada, também, a categoria mais "democrática" do automobilismo, aceitando praticamente todos os tipos de carro.
Além disso, teve quase todas as suas etapas com grid superior a 20 carros, tendo suas melhores etapas em Tarumã, na abertura da temporada, em abril (primeira foto desse post) e a última, disputada em outubro, em Guaporé, ambas com praticamente 30 carros no grid (foto acima). Muitas equipes e pilotos de fora correram aqui: Santa Catarina, Paraná, São Paulo e outros vieram prestigiar o campeonato, alguns para participar do "remendado" Campeonato Brasileiro de Endurance, que só teve sucesso nas etapas gaúchas e um grid minimamente razoável em Curitiba. Fora isso, as etapas de Cascavel e Interlagos foram canceladas, já prevendo que não haveria quorum.
Projeção para 2014:
O ano de 2014 promete ser o ano de ouro do Endurance RS nos últimos dez anos. A repercussão do sucesso da categoria alcança equipes de todo o Brasil, muitas planejando a participação no certame. O bom grid consolidado, ocorrido em mais de uma etapa, mostra que o sucesso veio para ficar, e com carros novos sendo montados, promete. Novidades nas categorias foram anunciadas, como a unificação das classes II e III (protótipos aspirados 8v e 16v aspirados até 2100cc agora voltam a correr na mesma categoria), a divisão da classe dos carros de "turismo grande" e a criação da classe VI para turismo até 1650cc serão a grande aposta para a temporada.
2) Fórmula 1.6: bons grids consolidaram a categoria como outro "oasis"
Categoria de fórmula tradicional com esse grid, só no RS
Retrospectiva:
Outra categoria que é destaque no Brasil, que vem em crescimento constante nas últimas duas temporadas. É notório o fracasso das categorias de fórmula no país, e a F1.6 vem fazendo a diferença, com grids por volta de 20 carros, o que é considerado excelente na conjuntura atual. A única categoria fora do RS de fórmula que existe é a Fórmula Vêe SP, com bons grids, mas é um tipo diferente de carro, usando pneu radial, sem asa e sem tecnologia embarcada.
No quesito categoria formadora, a F1.6 vem sendo a principal do país, enquanto categorias semelhantes vem amargando prejuízos, como a Fórmula Futuro, já extinta, e a F3 Sudamericana, que vem penando com grids de 8 ou 9 carros, mesmo tendo sido colocada recentemente sob a aba da Vicar, uma das principais promotoras do país.
A F1.6 tem preço extremamente acessível, mesmo em comparação com categorias de kart, aceita chassis da antiga F-Ford (Reynard etc), bem como chassis mais modernos (Techspeed, Minelli), tem tecnologia de ponta - mas acesssível e fabricada no RS - embarcada (ECU e dash Pro Tune com datalogger completo, que permite inclusive a análise de pilotagem, traçado, pontos de frenagem, uma ferramenta completa para desenvolvimento do piloto), equipada com motor AP 1.6 com preparação limitada e barata. A prova do sucesso dessa receita é a maciça participação de pilotos de fora, vindos, inclusive, de estados distantes, como Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Sergipe.
Com todas estas características, os pilotos saem preparados para encarar qualquer categoria de fórmula no mundo, sendo verdadeiro trampolim para quem sai do kart e Fórmula Jr, tanto que alguns nomes que saíram fizeram bons testes ou até mesmo participaram de campeonatos no exterior, como Fórmula Renault Italiana e F2000 nos EUA.
Projeção para 2014:
A tendência é de continuidade dos bons grids, que não foram exceção - e sim regra - no ano que passou. Novidades na divisão das categorias prometem deixar a F1.6 ainda mais interessante: da fórmula atual, que tem categorias A e Light conforme o equipamento (chassis antigos ou modernos), em 2014 a diferença não será técnica, mas sim feita conforme a experiência do piloto.
3) Fórmula Jr. - A verdadeira categoria-escola estreou com sucesso
Grandes nomes revelados na 1a temporada da F Jr.
Retrospectiva:
O primeiro degrau para a gurizada que sai kart, há muito desejado, tornou-se realidade. Organizado pela Federação Gaúcha de Automobilismo (FGA), por Neco Fornari e Cláudio Fontoura, com carros cedidos pela CBA, a proposta é ser o primeiro passo dos kartistas no automobilismo profissional, dos 15 a 21 anos, sem experiência anterior em outras categorias. Com a idéia de custo inicial baixo, algo em torno de R$ 60 mil para oito etapas, atraiu pilotos de todos os cantos do país, tanto que os pilotos gaúchos foram minoria. Até mesmo um piloto do Paraguai participou.
O grid foi limitado em 14 monopostos, devido aos carros serem todos iguais, fornecidos pela organização, e com preparação extremamente limitada, com todos os preparadores - escolhidos entre grandes nomes já consagrados do automobilismo gaúcho - recebendo o mesmo valor, contratados pela organização, para evitar que o poderio econômico influencie no desempenho.
Muita disputa, em todas as provas
Os carros são equipados com motor GM 1.4 8v com apenas 110cv, pneus slick, ECU e dash com datalogger Pro Tune, que já possibilita que a gurizada tenha contato com a tecnologia que encontrarão nos próximos degraus de sua carreira. Apesar da limitação mecânica, os carros têm virado tempos impressionantes e houve muita disputa de posição em todas as etapas. O primeiro campeão da categoria foi Victor Matzenbacker, de Passo Fundo.
A categoria cumpriu o propósito de revelar novos nomes, tanto que alguns pilotos, como o carioca Gustavo Bandeira, o gaúcho Lucas Alves e outros já fizeram ou estão se encaminhando para testes em categorias do exterior.
Projeção para 2014:
Segundo informações da organização, praticamente todos os carros disponíveis já estão ocupados, o que confirma o sucesso e a excelente repercussão nacional da categoria. O custo, porém, segundo informações que obtivemos, subiu para algo em torno de R$ 100 mil para 2014 (quase o dobro), o que gera certa preocupação sobre uma possível disparada do valor para as próximas temporadas. Ainda assim, o orçamento equivale-se ao das categorias profissionais de kart. Torcemos para que o sucesso seja cada vez maior.
Esta foi a primeira parte da retrospectiva 2013/projeção 2014 do automobilismo gaúcho por Niltão Amaral. Copa Fusca, Copa Classic e Marcas e Pilotos ficam para postagem posterior!